4.26.2011

A LOBA


A Loba
Técnica mista | 120 x 120 cm (díptico)

A Loba
(pormenor)

A Loba
(pormenor)

A Loba
(pormenor)

A Loba
(pormenor)

4.14.2011

GALLERY 360 - Boston


ERA UMA VEZ…

EM LISBOA OU EM BOSTON, TANTO FAZ!

Já tudo se escreveu, disse ou ouviu, desenhou e pintou sobre Lisboa. Sim? Até sobre as melodias, os sons, os ritmos, as vozes e os pregões de Lisboa, já muito se especulou. Não? E, sobre as tradições, os usos e costumes, as cores, as imagens, os cheiros, os paladares e os sentimentos desta nossa antiga Olissipo?

O coração de Lisboa, será e estará, definitiva e irremediavelmente – umbilicalmente - ligado, por genuínas emoções, aos lisboetas ou… para o bem e para o mal, é filigranada jóia e castrador prolongamento de representações de poder que, do velho e centralizador Terreiro do Paço, persistem de forma tentacular, em orden(h)ar as nossas vidas, já de (muitas) pernas para o ar, através de invisíveis laços de efectivos e afectivos modelos que teimamos em repetir, sem significado ou sentido?

É a sociedade de consumo a consumir-se, lenta e bizarramente, numa Lisboa desventrada, desnorteada e despenteada, de efémeras modas e passageiras influências, onde o insólito, o grot(burl)esco e o bestiário (in)verdadeiro, se entrecruzam, por entre as saudades do futuro do tal poeta Pessoa que nasceu no Chiado a que chamava a sua aldeia…

(Re)inventar ou (re)criar Lisboa, passa muito pela imaginação consistente, pela sensibilidade inconsciente, pela fina ironia (que é dádiva dos deuses), pelos mundos vivenciados e estádios (até interiores) de alma, e pela capacidade de observar, olhar e ver…Quando o que é, nem sempre parece e o que parece não deixa de ser, muitas das vezes, uma máscara, ou melhor, máscaras, muitas máscaras, sempre femininas, feitas de refrão barato, sonhos desfeitos, ambições (im)populares, peregrinações perdidas, viagens ocultas ao mais íntimo de Todos nós, lisboetas cosmopolitas e portugueses provincianos, espalhados por esta grande urbe que é diáspora verde-rubra de estórias de princesas interiorizadas, rainhas sem coroa e sardinhas (coroadas) assadas, mas sempre mulheres…Sofridas, choradas, implacavelmente enredadas nas teias que o Império tece, intuídas e (des)mistificadas pelo garrido desprezo de quem passa, de fininho, de mansinho como o cordeiro a quem se tosquia a lã do poeta de A(ri)bril… minha lã, meu Amor.

Percurso voluptuoso, vibrante e sensitivo, deambular holístico e criativo, coerentemente visual e conceptual, de visões transversais de uma Lisboa alternativa e contemporânea, Ricardo Passos, inicia-nos, de forma peculiar, em ritos de passagem, raízes fluídas e repentistas, como as poesias populares dos bairros de antanho, cravadas qual cravos de papel na nossa pele de verdes alfacinhas e perfumados manjericos que são jericos de carga inútil e fútil…

Prova (provada), equilibrada e harmoniosa, do supremo símbolo/metáfora, do estigma que fere e da crítica que não cala, antes fala mais alto, a pintura de Ricardo Passos, expressiva e rica de pormenores, (re)prova que Lisboa seja só o que dela se canta e idolatra, transferindo-nos para memórias, universos singulares e únicos que são afectos de marchante, cheiros da canela em natas de Belém, pastéis de ternura e troca de beijos em interpretativas tardes de domingo.

Lisboa, ela própria, de filosofia barata (tonta) feita, género feminino… Aberta, sensual, erótica, poderosa, radiosa e exuberante, não deixa margem para dúvidas, no seu volte - face de manipuladora obra do demoníaco destino, melancolicamente cheia de energia(s) e carga(s) dúbias, até duvidosas ausências, em xailes coloridos, de prenhes vazios. São as pombas e os corvos de Lisboa…num destorcido e desproporcionado branco e preto da sua, nossa penosa calçada, calcorreada, pisada, batida em saltos altos de quem se quer pôr em bicos de pé, não tendo senão chanatos de cordel…

Agora, em Boston, também à beira do Atlântico, como Lisboa… num frente-a-frente boémio e vilão, de profunda unidade estética, que é Abraço multidisciplinar de conceitos e convicções que são história, valores artísticos e linguagens que estreitam comunicações, cruzam olhares e trocam visões, a arte contemporânea portuguesa, com cheiros e gostos de uma(s) Lisboa(s), também sonhada(s), é proposta, não de cartaz turístico, mas de análise e reflexão, sobre o papel de uma Lusofonia Cultural, da que Ricardo Passos é intérprete e protagonista privilegiado, através desta abordagem – quase (im)possível, (im)pensável e (i)rrepetível…- de mais uma Lisboa sentida e intuída por entre patrimónios e identidades que sempre foram e continuarão a ser, o autêntico pulsar de gestas e demandas de repulsa e sedução, de ponto e (contra)ponto, com que se cozem e desfiam as Artes, os Artistas (como Ricardo Passos) ou as cidades… como Lisboa, ou Boston. Era uma vez, entre a fantasia e o real… tanto faz!

Vítor ESCUDERO

(da Academia Nacional de Belas Artes e da Secção de História do Património e da Ciência, da Linha de Investigação História, Memória e Sociedade do CPES – Centro de Pesquisa e Estudos Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias).


Ricardo Passos

4.07.2011

O BIDÉ

O Bidé
Técnica mista | 120 x 120 cm (díptico)

O Bidé (pormenor)

O Bidé (pormenor)

O Bidé (pormenor)

O Bidé (pormenor)

4.05.2011

DEZASSETE

Dezassete
Peça integrada no projecto "A Bilha"
Cerâmica, mármore e película de radiografia
30 x 30 x 45 cm

Dezassete (pormenor)

Dezassete (pormenor)

Há bilhas que não são bilhas
por água muito perder
e há bilhas que de tão belas
às mulheres tiraram o ser
mas se a libelinha no fontanário
por ti alguma vez passar
não a deixes roubar teu brilho
nem o homem que contigo casar


Helena Nogueira